
2019-01-09
Nós que fazemos a magia do Natal acontecer
O MM pregou-nos um grande susto, nestes primeiros dias de vida. Nasceu perfeitinho. Tudo que eram doenças cirúrgicas que o pai opera foram descartadas pelo próprio (pai). Mas havia um gemido, um cansaço respiratório, um aumento da frequência ventilatória, o que mais tarde viríamos a saber ser uma taquipneia transitória do recém-nascido. Esta doença deve-se a um atraso na reabsorção do líquido pulmonar fetal eventualmente associado a algum grau de imaturidade pulmonar. A primeiras noites do MM foram passadas nos cuidados intensivos neonatais. A mãe longe, despedaçada, sofria as dores da cirurgia e as dores de não poder ver o bebé, quanto mais pegar-lhe ao colo. Eu a meio, de um lado para o outro no corredor, disfarçava mal a minha preocupação. Estes olhos que a Mãe já aprendeu a ler. «Keep calm and blog on».
A recuperação foi lenta. Seria sempre lenta. Os pais querem ver os seus filhos bem, rapidamente. Nunca é suficientemente rápido. O MM precisou de suporte ventilatório, CPAP. Esta ventilação não exige sedação nem entubação, pelo que o rapaz manteve-se desperto o tempo todo. A pressão de ventilação é fornecida por uma máscara adaptada às narinas do bebé. Seja como fôr, vivemos horas de grande ansiedade. Nestes anos todos, questionava-me como se sentiriam aqueles pais à porta da neonatologia. Preferia não ter sabido. Ver o nosso rebento cheio de sondas, catéteres e adesivos é assustador, mesmo para quem está habituado a ver isto todos os dias. Pior foi voltar a casa sem o rebento nos braços. É um sentimento de vazio insuportável.
O fim-de-semana foi de grande tempestade, mas a bonança foi vindo lentamente com os primeiros raios de Sol desta Segunda-feira. Depois de dois dias ligado àquela máscara de ventilação, o MM começou a respirar sem ajuda e a iniciar alimentação. Apesar de manter alguma dificuldade nas mamadas, hoje o MM dormirá em casa. Está livre de perigo. É isso que nos interessa por agora.
Leave a comment